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Entrevista
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Conversando com o Mobral para Sábado

(locutor) Conversando com o Mobral para sábado.
(música)
(locutor) Se você gosta de música, de poesia, de conhecer histórias curiosas, preste atenção neste programa que vai começar agora. Vamos passar quinze minutos conversando com o Mobral.
(locutor) Um programa produzido pelo Centro Cultural do Mobral.
(locutor) Amigos, estamos começando mais um programa da série Conversando com o Mobral. Este programa é transmitido para a região amazônica pelas emissoras de ondas curtas da Rádio Brás, para o sul de Minas, pela Rádio Clube de Varginha, para o Maranhão, pela Rádio Mearim e também para o Rio Grande do Sul, por intermédio da Rádio Sobradinho. Hoje, vamos falar de música popular brasileira no Conversando com o Mobral. Estamos desde a semana passada reunindo dois nomes importantes da música e apresentando para vocês. Escolhemos para o programa de hoje dois monstros do samba, Nelson Cavaquinho e Carlos Cachaça.
(locutor) A cantora Elizete Cardoso anuncia o sambista.

(Elizete) Nelson do Cavaquinho vai cantar e nós vamos ouvir, com todo o nosso respeito, de Amâncio Cardoso e dele próprio, Nelson do Cavaquinho, “Luz Negra”.

Sempre só
Eu vivo procurando alguém
Que sofra como eu também
E não consigo achar ninguém

Sempre só,
E a vida vai seguindo assim,
Não tenho quem tem dó de mim
Estou chegando ao fim.

A luz negra de um destino cruel
Ilumina o dia dos sem cor
Onde estou desempenhando o papel
De palhaço do amor

Sempre só
E a vida vai seguindo assim
Não tenho quem tem dó de mim,
Estou chegando ao fim.
Estou chegando ao fim.
Estou chegando ao fim.

(locutora) Muitos de vocês talvez se lembrem da jornalista Eneida, morta já há alguns anos. Eneida era paraense e uma estudiosa do samba e do carnaval em particular. Ela, como todo mundo que aprecia a boa música popular brasileira, era fã de Nelson Cavaquinho. Nesta gravação que vamos apresentar agora, Eneida entrevistou Nelson Cavaquinho.

(Eneida) Nelson Cavaquinho é considerado um dos monstros da música popular brasileira. Ô Nelson, o seu nome é Nelson Antônio da Silva, não é?
(Nelson) É
(Eneida) Por que então que chamam você de Nelson Cavaquinho quando você toca violão?
(Nelson) Eu antigamente tocava cavaquinho até muito bem, sabe, Eneida? Acontece que eu acho o cavaquinho muito pequenininho para mim, estou cheio de cabelos brancos, né? Então prefiro mais o violão que é muito maior, né?
(Eneida) Olha que tem outra história.
(Nelson) Ha ha ha
(Eneida) Você não quer contar outra, né, Cavaquinho?
(Nelson) Não.
(Eneida) Tá. Você tem um samba que é sempre citado quando se fala em Nelson Cavaquinho. Chama-se “Notícia”. Canta ele pra nós, canta.

Já sei a notícia que vens me trazer
Os seus olhos só faltam dizer
O melhor eu me convenci.
Guardei até onde eu pude guardar
O cigarro deixado em meu quarto e a marca que fumas
Confessa a verdade, não deves negar.

Amigo como eu jamais encontrarás
Só desejo que vivas em paz,
Com aquela que manchou meu nome.

Vingança, meu amigo, eu não quero vingança
Os meus cabelos brancos me obrigam
A perdoar uma criança.

(jingle) Anote o endereço do Mobral, Rio de Janeiro, capital. Escreva pra caixa postal cinco seis ponto zero trinta e seis. Conversando com o Mobral. Caixa Postal cinco seis ponto zero trinta e seis. Rio de Janeiro...

(Eneida) Nelson, por que é que você nunca fala em felicidade? Não há nenhuma composição sua que tenha essa mensagem, que afinal é de esperança. Por que isso? Você não me parece um sofredor, o seu tipo não é de sofredor, hein?
(Nelson) Eu não (inaudível) não uso quase essa, esta parte assim, de falar em felicidade, né? Mas Eneida eu, eu gosto de ver os outros, eu gosto quando um amigo chega e dirige-se a mim, diz: "sou tão eu sou tão feliz". Mas mesmo assim eu gosto muito de felicidade, né? Eu, por não falar em felicidade, não é por isso que eu não gosto de felicidade.
(Eneida) Então comece a falar nela, hein? Mas a sua música tem sempre mulher e flor. Ora, a mulher me parece que quer sempre ser feliz. E talvez, quem sabe, a flor também. Então, você pense nisso, porque você fala tanto em mulher e flor, que deve falar em felicidade também. Agora você vai cantar pra gente ouvir uma coisa que se chama “Não me olhes assim”.

Pelo amor de Deus, não me olhes assim
Vejo nos teus olhos humilhação
Já sei que não gostas mais de mim

Pelo amor de Deus, não me olhes assim.
Vejo nos teus olhos humilhação
Já sei que não gostas mais de mim

Aceito o teu adeus como se aceitasse a paz,
Não será surpresa se não me quiseres mais,
Neste mundo de Deus tudo pode acontecer,
Por que que eu não posso te esquecer?

Pelo amor de Deus, não me olhes assim...

(locutor) E agora um samba que todo mundo conhece, “A Flor e o Espinho”, o carro-chefe de Nelson Cavaquinho.

Caminho, que eu quero passar com a minha dor.
Hoje pra você eu sou espinho
Espinho não machuca flor

Eu só errei quando juntei minh'alma à sua
O sol não pode viver perto da lua.
É no espelho que eu vejo a minha mágoa
Na minha dor e os meus olhos rasos d'água
Eu na sua vida já fui uma flor
Hoje sou espinho em seu amor

(locutora) O outro compositor que prometemos apresentar no programa de hoje é Carlos Cachaça. Todo mundo sabe que a Estação Primeira da Mangueira, no Rio de Janeiro, é um dos mais importantes redutos do samba carioca. Nelson Cavaquinho é de lá, Cartola também, e naturalmente o Carlos Cachaça. Só que no caso dele existe uma particularidade. Carlos Moreira de Castro, o Carlos Cachaça, nasceu na Mangueira. Em 1887, foi construída a Estação Ferroviária de Mangueira e o pai dele era ferroviário e morava exatamente numa das casas que a Central do Brasil alugava aos seus funcionários na subida do morro.
(locutora) No dia três de agosto de 1902, nasceu o primeiro Verde e Rosa de Coração. O pai queria que ele fosse ferroviário. Ele tentou, mas tinha que ser sambista.

Se algum dia eu souber que você vai deixar
Meu coração, que é todo seu, em busca de outro amor.
Não serei mais feliz porque você não quis.
Depois serei como fui seu na minha dor.
Se a dor depois, por ingratidão...

(locutor) A formação da Escola de Samba Estação Primeira da Mangueira deve muito a Carlos Cachaça. Ele foi um dos seus maiores incentivadores. Nos primeiros tempos, existiam sete blocos diferentes em Mangueira, e Carlos Cachaça foi o primeiro a lançar a ideia da união, da harmonia. Ele tem até um samba que fala nisso, Harmonia em Mangueira.

Que harmonia lá em Mangueira,
te dá prazer para se brincar,
o Laudelino no seu cavaco fazendo coisas de admirar.

Que harmonia lá em Mangueira
que dá prazer para se brincar,
o Laudelino no seu cavaco fazendo coisas de admirar.

E de repente forma um enredo que até causa sensação,
o Armandinho chega de flauta, Alípio sola no violão.

Que harmonia lá em Mangueira
que dá pra ver para se brincar, o Laudelino...

(locutora) Em parceria com o poeta Hermínio Bello de Carvalho e Cartola, Carlos Cachaça fez um de seus sambas mais bonitos e talvez o mais divulgado. E é com ele que nós vamos encerrando o Conversando com o Mobral de hoje. Até semana que vem. E fiquem com esse lindíssimo “Alvorada”. Até lá.

Alvorada, Alvorada lá no morro, que beleza
Ninguém chora, não há tristeza
Ninguém sente dissabor
O sol colorindo, é tão lindo, é tão lindo
E a natureza sorrindo, tingindo, tingindo

Alvorada.

Alvorada lá no morro, que beleza
Ninguém chora, não há tristeza
Ninguém sente dissabor
O sol colorindo, é tão lindo, é tão lindo
E a natureza sorrindo, tingindo, tingindo

Alvorada.

Alvorada, lá no morro, que beleza
Ninguém chora, não há tristeza
Ninguém sente dissabor.

(locutor) Bem, amigos, por hoje é só. Vamos encerrando mais um programa da série Conversando com o Mobral e aproveitamos o ensejo para desejar a todos um feliz fim de semana. Lembrando que segunda-feira estaremos de volta com mais um programa da série. Até lá, amigos, e grande abraço a todos.
Mobral!

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1º Encontro do Festival de bandas (Festibanda) - B

Entrevista com Synval Machado Silva.

Entrevistado - Synval Machado Silva
(...) Entendeu? Me senti sensibilizado e me orgulha. Ouviu? Em nome da minha raça, ser considerado é, a cópia do Diamante Negro, o Leônidas.

(música)
Marina morena, Marina
Você se pintou
Marina, você faça tudo
Mas faça um favor

Entrevistador:
Synval, no Marina, no samba você fala assim: "aqui tá o samba que você me pediu". Essa Marina existiu?

Entrevistado - Synval Machado Silva
Essa existiu. A mocinha, filha única de um casal formidável, e ela é muito extrovertida, pediu que eu escrevesse um samba, um samba que falasse do nome dela. Eu digo, "mas eu não sei o seu nome". Ela disse, "meu nome é Marina"! Eu digo, "Dorival Caymmi já falou de Marina, e a Marina que ele se refere na música de autoria dele, é você". (Ela) diz "não, é outra. Eu quero que você faça o samba com meu nome". Eu digo, "você quer que eu fale do seu namorado, do problema, se é algum problema?". Ela diz, "não. Você faz o seguinte, você vai divorciar da Dona Quita", a minha esposa. Quando eu falo de namorada, todo mundo pensa que eu falo de, quer dizer, não posso falar da esposa. Eu sou vacinado, casado, crismado, bodas de prata e muito feliz até o dia de hoje, muito feliz mesmo. Daí eu posso considerar que para mim era uma namorada e ninguém pode me reprovar porque se alguém se atrever a tanto, eu vou apanhar nossos documentos de casamento e exibir assim com muita segurança, não é porque sou casado como qualquer grande cidadão do meu país.

Entrevistador:
Quer dizer, o divórcio era só em letra de samba, então?

Entrevistado - Synval Machado Silva
Exato, é. Não é só para pedir. Então eu fiz, como você sabe...

(música)
Tai, o samba que você pediu, Marina
Tai, eu fiz tudo e você desistiu, Marina
Tai, meu amor toda minha afeição
E você vai me matando pouco a pouco de paixão

Entrevistador:
Synval, você fundador da escola de samba Império da Tijuca.

Entrevistado - Sinval Machado Silva
Exato. Fundador e continuo até agora dando a minha contribuição muito sadia, muito bem intencionada. Embora nem sempre se tem um reconhecimento geral das pessoas, porque é como eu disse antes, nem todos podem alcançar a filantropia, os filantropos que prestam um serviço assim, de muito espontâneo, muito sem pagamento, mas que nem por isso há pessoas que não alcance pensam que eu quero a biscoitar o direito dos meus continuadores. Não. Eu quero que ele seja muito feliz e que possa ter um dia o que eu tenho hoje. Alegria de cantar, de fazer retrospecto, de pensar e de dizer tudo que já vivi até agora.

Entrevistador:
Mas houve um ano aí que a escola não saiu.

Entrevistado - Synval Machado Silva
Exato. Então eu escrevi, nesse ano, esse número:

Entrevistador:
Mas por que que.. Ah você vai contar, a música canta por ti?

Entrevistado - Synval Machado Silva
A música fala:
(música)
Choveu, mas Império do Samba do Morro descer
O Diretor de Harmonia
Apitou e toda a escola
Obedeceu
Ouvi o surdo e as pastoras cantando sem pigarro
Só voltaram de manhã
Com as sandálias de cetim
Sujas de barro

A porta bandeiras chorou
Quando regressou
Ao barracão
E viu o verde do estandarte
Colorindo todo o chão
Era forte
E ficou fraca a batucada
Mais um ano
De samba vencido
Naquela madrugada

Entrevistador:
Sival, você, porém, apesar de fundador da escola, continua concorrendo com suas composições em pé de igualdade com pessoal novo, não é?

Entrevistado - Synval Machado Silva
Mas perfeitamente. Esse ano, por exemplo, eu fiz "Brasil uma explosão de progresso", a última faixa do lado 2 do meu LPRCA série documentos, de modo que eu estou feliz, porque enquanto houver vida, a esperança e se eu posso competir é até bonito para mim, porque o bom da vida se competir e se ganhar muito bem, se perder aplausos e abraços ao vencedor. Na escola de samba, quanto mais autêntico, melhor. Abolir de qualquer maneira o balé do samba. Abolir a imitação de figuras extraordinárias de outros países, porque o samba é nosso, o samba é coisa nossa e deve ser tratado com muito carinho, mesmo porque o samba não vive agora no Barracão. O samba tem seu Palácio, o Palácio do samba de Mangueira. O escolão da Portela. O Portelão aliás. E tantos outros, de modo que o samba tem que ter, agora que tem o seu Palácio, a sua autenticidade que não pode faltar.

(música)
Brasil
ô ô ô
Gigante do Universo
ô ô ô

Uma explosão de progresso ecoou
Ó meu Brasil fazendo sucesso

Sua posição conquistou
Trazendo seu passado de glória
De lutas, amor e vitória
A união das raças, da miscigenação

A luz que fez sol desta nação

Minha terra tem palmeira
ô iô iô
Onde canta o sabiá
o iá iá
Boa terra cacaueira
ô iô iô
200 milhas pra pescar

Brasil terra de campeões
De norte a sul
Um veleiro sem fim

De Don Pedro e seus brasões
Sinto na alma a ressonância de um clarin
É permanente o seu sorriso
É tranquilo trabalhar
Sabe porem quando é preciso
Suas armas empunhar

No pregão das riquezas
No seu solo candente
No tabuleiro do mundo
Brasil pra frente

Lá na virgem de candeias
ô io io
Tem petróleo de argan
ô iá ia
Tem o canto da sereia
ô io io
Capoeira e baiana

Eu faço minha, todas as bonitas composições dos meus colegas que me permitam direito de considerar...

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Entrevista: Monitor Falando do Programa de Educação Integrada (PEI)

(Entrevistado - Matias) [...] O grupo mesmo. Porque quando a gente levantou assim os, os problemas, e cada um colocou. Quando a gente levantou assim o diagnóstico, falando, é, que o tema era fazer melhoramento, saúde, evitar as contaminações e tal. Então, o grupo falou, quase todo mundo falava que os maiores problemas da comunidade, era verme. Porque um dizia assim: "Fui fazer um exame na família, acusou verme". Outro falava também: "Fui fazer um exame, fui eu mesmo e, e o médico atestou que era verme". Então, foi o grupo mesmo quem levantou.

(Entrevistador) A saúde depois do PEI (inaudível) Em questão de higiene...

(Entrevistado) Tenho, tenho observado. Inclusive, eles, é, nessas casa que a gente visita as fossa, a gente nota os, aquela sujeira, aqueles bagulho, aquelas coisa já tudo varridinho, tudo afastado. As casa também, a gente nota que estão tendo mais cuidado. Inclusive, algumas mãe me falaram, lá na comunidade, que as criança não, num era bem habituada em viver calçado. E então, eles disseram que quando diz assim: "Lá vem o Matias", o menino corre logo dizendo: "Mamãe, me dê meus calçado". E quando não encontra os calçado, eles vão se deitar. Enquanto eu tô por lá, ele não se levanta mais. (Risos).Porque as água deles lá não tem, lá não tem chafariz, os poço é colocado naqueles baixão. Quando chegou o inverno, alaga aqueles baixão dentro do mato. Quando chega o verão, não tem água, o pessoal vai todo pros poço. Inclusive, uma coisa que a gente viu lá também, que eles tomavam banho, batiam roupa... Certo. Orientação assim particular, não fala na reunião porque desestimula.

(Entrevistador) O senhor encontrou dificuldade de utilizar esse material?

(Entrevistado) O ponto positivo é que a gente, a gente mesmo, eu como monitor, descobri, é, assim mais algumas experiência na vida e descobri também meios com que a gente pode ficar mais seguro na luta, nos trabalhos. E como ponto positivo, a comunidade tá aceitando bem o programa, tô bem feliz com o grupo.
E se ainda não fizemos mais coisa porque, é, um pouco longe, mas a gente acha que o trabalho é de grande utilidade, vai preparar mesmo, não pode mais, não pode mais terminar. A gente vê que isso tem que acompanhar mesmo a, a humanidade, a localidade. E despertou também na comunidade, uma, assim, um clima de desenvolverem as coisas, de terem mais condição na vida, terem mais saúde. A gente nota que desperta, assim, uma, uma curiosidade no, no pessoal de ter mais influência com as reunião, terem mais frequência no, no, no desenvolvimento social e outros objetivos. Agora, nas parte negativa, a gente acha que... A gente acha que, embora sabemos que não tamo fazendo tantas, tantos...É, sim, tantas coisas, é um trabalho lento, mas a gente vê que também o, o numerário que a gente percebe, o, o, a gratificação não é suficiente, assim pra gente dar uma assistência mais direta. Porque, a razão porque a gente tem que trabalhar pra viver, os trabalho é de roça, os trabalho é, a-os meio da gente também é baixo, então a gente, às vezes, pensa em fazer mais coisa e a gente se sente com mais condição de produzir mais, explorar mais o PEI, mas, ao mesmo tempo, vê a, como se diz, a remuneração não é suficiente pra gente desenvolver, assim, um trabalho mais ativo.
Também a gente nota que o pessoal, é um ponto negativo que a gente nota, embora que um grupo bom como o meu ainda se vê que, que eles querem que todo tipo de trabalho do PEI, a gente teve ali, todo dia, é, incentivando, quando a gente sai, diz: "Não, só paremo porque a gente não sabia como é que ia fazer." Então, a gente acha que o pessoal não sente ainda assim como um, um dever, como obrigação. Todo tipo de trabalho, eles querem que o monitor teja ali do lado.

(inaudível)

(Entrevistado) Avaliação assim dos trabalho, é, a gente procura também fazer uma, uma análise do que que já fez, o que que pode fazer a mais até o dia da reunião pra levar, assim, mais alguma coisa. Então, eu acho que é de grande utilidade, porque, é, elas...Motivo? Ah... Motiva a... Os interesses dos monitores, porque cada um quer levar assim mais alguma coisa.

(Entrevistador) E com relação aquele nosso contato ali?

(Entrevistado) Trouxe.

(Entrevistador) Muito, pouco...

(Entrevistado) Médio. Primeiro, como já falei, que a gente colheu mais experiência, aproximou-se mais da, da, de entender alguma coisa. E segundo, também a, esse contato com essas autoridade, com esses, com essas personagens, que a gente não esperava isso, ou pelo menos não esperava isso na vida. É, terceiro, também os, os material de apoio, que serviu de, de base, de experiência pra muitos meios aqui na, na zona rural. E quarto, porque dentro desses tipos de trabalho, como eu já falei, sou um líder sindical, sou líder religioso, sou líder da, da EMATER aqui na zona rural, mas nunca tinha percebido nenhum tipo de remuneração. Embora que essa, a gente diz que não é suficiente, mas tô satisfeito porque foi a primeira vez que eu rece... vim receber alguma coisa. Muito enganado de muitas promessa, de muitas coisa bonita que muita gente por aí afora diz que vem dar ao trabalhador rural. E não é muito fácil da gente mudar a mentalidade do pessoal com tanta promessa que já fizeram. Então a gente vê que o PEI é realidade, a gente vê que o PEI tá deixando mesmo as suas, os seus pontos positivos, tá concluindo benefício, mas pra isso eu acho que é melhor as comissão dar uma assistência mesmo junto aos monitores.

(Entrevistador) Seu Matias, o senhor não é... falou que naquelas reuniões do sindicato vocês discutiam alguns assuntos, que assuntos vocês discutiam? Naquelas reuniões que você era líder do sindicato, lá em... Que, que assuntos cês discutiam?

(Entrevistado) É, nas reunião, a gente.. Sempre os assunto mais discutido é como se pode menta... Mudar a mentalidade do trabalhador rural, é, como fazer com que ele entenda o, o que é o movimento sindicalismo, é, fazer tudo para ver se consegue algum melhoramento, mais assistência ao trabalhador rural, e também fazer algumas coisas, é, a bem da, dos poderes público, para que a gente seja assim, mais, é, os trabalhos seja mais aceito, a gente tenha mais um pouco de representação, e também vê que o trabalhador rural precisa ser conscientizado dos seus direitos e de seus deveres, porque é um problema muito sério, que o primeiro sindicato criou um foco de, de, de enganos, de medo, de tanta coisa, enfim, que é os assuntos que a gente mais procura nas reunião é deixar o trabalhador rural mais conscientizado, mais, é, esclarecido para não haver tanta, tanta balbúrdia como sempre há.

(Entrevistador) Mas aquela... A execução daqueles trabalhos comunitários que vocês já realizavam, eles estavam onde? Eles... Como é que vocês discutiam? Vocês discutiam no, no sindicato, onde? Das estradas... Vocês discutiam antes de fazer aquela estrada, não discutiam?

(Entrevistado) Discutia.

(Entrevistador) Outras... Vocês discutiam aonde isso?

(Entrevistado) É, a gente sempre discutia na reunião. É, quando se... A gente se reunia todo domingos, às duas horas da tarde, nós tínhamos uma reunião e lá a gente discute, fala os maiores problemas que afeta a comunidade, o que aquelas coisas que mais trapalha o, o desenvolvimento, o bem-estar. Então ali a gente...debate e escolhe aquele tipo de trabalho que tá mais, é, aproximado do povo.

(Entrevistador) Há quanto tempo vocês já discutem isso?

(Entrevistado) É, há mais de dez anos.

(Entrevistador) Há mais de dez anos vocês já discutem sobre os teus problemas?

(Entrevistado) Sim.

(Entrevistador) Agora me diz o seguinte: ... É, como é que se deu essa passagem, assim, quando cês discutiam problemas mais amplos, problemas de saúde, essa passagem se deu fácil? Como é que foi?

(Entrevistado) O senhor diz...

(Entrevistador) Como é? Porque antes vocês discutiam qualquer problema, agora vocês tão discutindo mais saúde, não é verdade?

(Entrevistado) Certo.

(Entrevistador) Como é que foi? As mesmas pessoas que discutiam os mesmos problemas?

(Entrevistado) É, inclusive uma, uma... A maior parte da, dessas pessoas que se entrosam hoje nesse meio de saúde é ainda daquelas mesmas pessoas que começaram os trabalhos comunitário e os trabalhos de sindicato.

(Entrevistador) Quer dizer, aquelas pessoas que já tavam mobilizadas pra trabalhos comunitários?

(Entrevistado) Certo, porque eles já... Pessoas que já tinham algum preparo, pessoas que a gente via que eram os bons voluntários. Então, essas pessoas é quem mais contribui hoje nesses trabalhos que a gente tá desenvolvendo.

(Entrevistador) Na maioria delas.

(Entrevistado) É, na maioria delas são esses que já haviam, é, com essas luta desses, desse serviço de comunidade ou movimento sindical, é os que estão aparecendo hoje.

(Entrevistador) Eles sabem que o senhor tá recebendo dinheiro pra fazer isso?

(Entrevistado) É, eles sempre são muito interessado, é, examinar se a gente ganha dinheiro, muito ou pouco, pra desenvolver esse trabalho. Eu sempre venho dizendo a eles que a gente recebe uma gratificaçãozinha.

(Entrevistador) Isso causa, assim, alguma separação, alguma coisa, não?

(Entrevistado) É, a gente parece que num... Até agora não quis assim revelar isso claramente pra eles, pra qualquer pessoa ou pra eles todos, porque eles ainda hoje, quando se fala nesse serviço, é, no desenvolvimento do sindicato ou das comunidade, ainda hoje tem muita gente que suspeita que a gente ganha muito dinheiro pra enfrentar esses trabalho.

(Entrevistador) Matias, a, a última pergunta, então. É, quer dizer que vocês ac... É, utiliza as mesmas pessoas pra discutir esses assuntos?

(Entrevistado) Certo.

(Entrevistador) E agora, e aquelas outras obras de estrada, esses negócios, vocês têm continuado a discutir?

(Entrevistado) É, você diz agora, junto ao PEI?

(Entrevistador) É.

(Entrevistado) Continua. A gente ainda continua, é, fazendo assim o levantamento daquelas... O que que se pode fazer de melhoramento, o que que a gen... A gente pode fazer a mais. É, inclusive na minha comunidade, que estou atuando, lá no Mucamo do Pedro, eu já convidei um grupo para nós fazer um melhoramento na Estrada Carroçal, pelo menos raspar areia, mudar alguns trechos e os... O projeto foi criado. Ainda não fizemo, foi, o trabalho, mas tem o plano.

(Entrevistador) O trabalho não foi feito por quê?

(Entrevistado) É, não foi feito, razão porque eles falavam assim: "Tamo em época de colheita, de farinhada, ocupa muita gente, muita gente, mas a gente tem que se rebolar pra isso."

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1º Encontro do Festival de Bandas (Festibanda) - A

Palestrante 1
As bandas são uma das expressões mais autênticas da cultura musical brasileira.
(música)
E como todas as coisas do mundo, elas também têm a sua história. Temos conhecimento da formação de pequenas bandas civis na Provença, ao sul da França na idade média. Mas foi nas cidades Alemãs, que elas se desenvolveram a partir dos séculos 16 e 17. A criação do clarinete, do saxofone e outros instrumentos de sopro muito contribuiu para o aprimoramento das bandas. Segundo o maestro José Siqueira, a banda é uma orquestra formada por instrumentos de sopro e percussão.
Entre os instrumentos de sopro, destacam se os flautins e flautas. O clarinete e o saxofone. Todos originalmente feitos de madeira. Ainda entre os instrumentos de sopro existem a tuba, o bombardino, cornetas e cornetins. A percussão conta com tambores, caixas de guerra e de repique, bumbo, surdo fuzileiro e outros instrumentos.
Os pratos dão colorido especial às bandas. No Brasil, as bandas existem desde a época colonial. Elas começaram a se formar nos primeiros 100 anos da nossa colonização nas fazendas de açúcar do nordeste. Durante o Império, ganharam importância com o surgimento das bandas militares, como a do corpo de fuzileiros navais. Fundada em 1872, foi da banda do corpo de fuzileiros navais que saíram músicos como os maestros Eleazar de Carvalho e Francisco Braga, hoje internacionalmente conhecidos. Foi também durante o Império que começaram a aparecer as bandas municipais. Formadas principalmente por amadores que tocavam pelo simples prazer de fazer música. A história da música popular brasileira está marcada pela presença das bandas. É o caso da banda Odeon, que participou das primeiras gravações em disco feitas no Brasil.
Chegaram a existir mais de 4000 bandas dos nossos municípios, foi a época de ouro das bandas, uma época que o tempo apagou. Compreendendo a importância das bandas na formação musical do Brasil, Heitor Villa-Lobos foi um dos seus maiores incentivadores. Também músicos como Altamiro Carrilho e Lírio Panicali muito fizeram para estimular as bandas de música. No entanto, a falta de recursos motivou o desaparecimento de inúmeras bandas municipais. Em 1973 contavam se menos de 2000. Compreendendo a importância das bandas na vida comunitária dos nossos municípios, o MOBRAL Cultural promove a realização de encontros de bandas de música. Muitas bandas já vêm se reorganizando graças à atuação do MOBRAL Cultural. Bandas com a participação de moralenses foram formadas, é o caso da banda de Dourados, ao sul de Mato Grosso. Finalmente, em agosto de 1975, ocorreu o primeiro encontro regional de bandas. Realizado no Rio Grande do Norte, reuniu as bandas da região do Seridó. Em outubro de 1975, o MOBRAL, com colaboração de diversas entidades, promoveu em Minas Gerais o primeiro festival estadual de bandas de música, o primeiro Festibanda. Saiu vencedora, entre quase 100 bandas participantes, a Filarmônica Rio Branco, premiada com o troféu Carlos Gomes. Assim, através da ação do MOBRAL Cultural, procura se reavivar uma tradição e, sobretudo, valorizar os músicos das comunidades e as bandas que novamente voltaram a tocar.

A luz e a sombra

(música)
Chegou a hora
Dessa gente bronzeada mostrar seu valor
Eu fui à Penha
Fui pedir à Padroeira para me ajudar

Salve o Morro do Vintém
Pendura a saia, eu quero ver (eu quero ver)
Eu quero ver o tio Sam
Tocar pandeiro para o mundo sambar

O Tio Sam está querendo
Conhecer a nossa batucada
Anda dizendo que o molho da baiana
Melhorou seu prato

Vai entrar no cuscuz, acarajé e abará
Na Casa Branca já dançou a batucada com Ioiô, Iaiá
Brasil, Brasil esquentai vossos pandeiros
Iluminai os terreiros
Que nós queremos sambar

Há quem sambe diferente noutras terras
Outra gente, um batuque de matar
Batucada, reúne vossos valores
Pastorinhas e cantores
Expressão que não tem par, ó meu Brasil

Brasil, esquentai vossos pandeiros
Iluminai os terreiros
Que nós queremos sambar

Brasil, esquentai vossos pandeiros
Iluminai os terreiros
Que nós queremos sambar

O Tio Sam está querendo conhecer
A nossa batucada
Anda dizendo que o molho da baiana
Melhorou seu prato

Vai entrar no cuscuz, acarajé e abará
Na Casa Branca já dançou
A batucada com Ioiô, Iaiá

Ioiô, Iaiá
Ioiô, Iaiá
Ioiô, Iaiá

Entrevistador:
Geraldo Pereira

Entrevistado:
Geraldo Pereira era um negro ali de Mangueira. Muito meu amigo. Eu gostava demais. Ele é o autor de “esc... escurinhas escurinhas direitinho”, é uma coisa assim. E entre elas, ele tem um número que eu gosto muito, que eu, se você me permite, eu vou cantar em homenagem, em homenagem póstuma a Geraldo Pereira.

(música)
De madrugada voltei do baile
Na certa de encontrar a minha amada
Achei a janela aberta e as portas
Quero esquecer mas não posso
Tive um pouco de remorso
As horas já eram mortas

Entrei e verifiquei toda a casa
Meus ternos já eram cinza
E meu violão era brasa
Bati na janela da vizinha
Dona Estela me diga, pra aonde foi Florisbela?
A vizinha respondeu
Quando notei a fumaça
Bem que eu disse, ó Florisbela
Não são coisas que se faça
Ela contou-me chorando que lhe viu nos braços de outro alguém
Oh meu vizinho, a razão dá-se a quem tem
Botei fogo também

Entrevistado:
Assim era Geraldo Pereira.

Entrevistador:
E o Ary Barroso, de que tanta história de vaidade se conta?

Entrevistado:
O Ary Barroso?

Entrevistador:
E do gênio também.

Entrevistado:
Exato. O Ary Barroso é, além de tudo, o meu conterrâneo. O expoente da música popular, um amante fervoroso do futebol, o Ary da gaita, aquele homem que no campo do Vasco há tempos há muitos anos, os portões do do campo ficava aberto para todas as pessoas que quisesse assistir, é, os jogos. Um dia o Ary Barroso foi proibido de entrar lá porque eu não sei. Teve que radiar o jogo em cima de um telhado, de uma casa vizinha, dessas coisas muito própria da pessoa que se esquece que o seu direito só é direito até onde começa o direito do seu semelhante. O Ary Barroso, como meu conterrâneo, ele que me desculpe a ausência. Eu tenho muito respeito, muita admiração por ele, considerando ele um grande compositor. Ele, das vezes que eu tive a satisfação de me encontrar com ele. Em qualquer lugar, ele sempre teve algo de crítica para fazer dos seus colegas. Eu não ouvi nenhuma vez durante a sua ascensão, a glória ele elogiar um colega, por por melhor que ele fosse, por mais, por melhor bem que ele quisesse, nunca fez referência, então nele como todos nós foi uma dosagem a mais de certa vaidade de personalismo, esquecendo na certa que nem de que todos nós estamos daqui de passagem, cumprindo o nosso papel. Se o nosso papel é destacado o lado bom, todo mundo fala do lado bom, se é do lado negativo, “estamos assim, coitado eu bem que avisei a ele”, todo mundo é assim, isento de de culpa. Não é o caso do Ary Barroso. O Ary Barroso foi um grande, um extraordinário, porém muitíssima vaidoso e a sua vaidade deu a ele acima, dimensão um pouco recomendável, porque o Ary Barroso há que se falar muito pelo muito que ele fez, deixando essa manifestação pessoal do lado, porque isso aí é até certo ponto imposto por por determinado complexo que se ignora que talvez o processo de menino, talvez ele tivesse sofrido muito. Talvez ele, ele que me contou que que muitas noites dormiu na praça Paris, no banco da praça Paris. Quer dizer, quando ele conseguiu uma situação de destaque, ele ficou assim odiando involuntariamente, a maior parte das pessoas que têm é certa posição e que não fazem nada pelos famintos, pela pessoa que não tem abrigo. Talvez seja isso, de modo que eu falo com muito, muito, muita admiração, com muito pesar das medidas que ele, durante a sua participação na música popular do Brasil, teve, quer dizer assim.

Entrevistador:
Você se lembra de algum caso assim? Típico disso.

Entrevistado:
Ah, é muitos. Por exemplo, o Noel Rosa. O Noel Rosa foi o poeta da Vila, um grande extraordinário poeta da Vila, humilde, simples. Acontece que o Ary Barroso nunca fazia referências religiosas ao Noel Rosa. E no dia do seu falecimento, coube a mim uma alça do caixão, outro ao Patrício Teixeira, o ser (incompreensível) incorrigível, outra ao Ary Barroso, e não dispensamos os nossos lugares na condução para o Campo Santo...

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