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Sonoro; Arquivo MP3 (.mp3); Tempo: 00:09:18.
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História biográfica
O Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) foi oficializado pelo decreto nº 62.455, de 22 de março de 1968. Embora oficialmente estabelecido naquele ano, o movimento teve sua criação em 15 de dezembro de 1967, Dia Internacional da Alfabetização, por meio da Lei nº 5.379 durante o governo de Costa e Silva. Sua implementação, no entanto, só ocorreu em 1970, quando Emílio Garrastazu Médici assumiu a presidência, e Jarbas Passarinho era o Ministro da Educação.
Vinculado ao Ministério da Educação e Cultura, o MOBRAL tinha como missão implementar o Plano de Alfabetização Funcional e a Educação Continuada para Adolescentes e Adultos, entre outros projetos que visavam diversificar as abordagens de ensino e inclusão social. Tinha como foco a alfabetização de pessoas com 15 anos ou mais que não soubessem ler e escrever. O principal objetivo era promover a alfabetização funcional e a continuidade da educação por meio de cursos específicos, com duração prevista de nove meses.
O MOBRAL surgiu como um programa do governo militar para ir contra o Programa Nacional de Alfabetização do governo de João Goulart, lançado em janeiro de 1964, coordenado por Paulo Freire, apesar de usar métodos de ensino parecidos. O programa enfrentou diversos desafios ao longo dos anos, tanto em termos de estrutura quanto de custos. O financiamento do MOBRAL dependia de recursos da União, do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, incentivos fiscais ( até 2% de desconto no do Imposto de Renda) e uma parcela da Loteria Esportiva, o que representava um alto custo para o governo.
Em 1975, o programa foi alvo de uma investigação por meio de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado Federal. A investigação foi desencadeada após denúncias sobre a inclusão indevida de crianças de 9 a 14 anos no programa, o que gerou críticas à sua execução e resultou na versão "MOBRALZINHO", que visava atender essa faixa etária. Além disso, as críticas à falta de resultados efetivos e a questão do elevado custo de manutenção começaram a afetar a imagem do programa.
Em meio a esses desafios, o MOBRAL foi se modificando ao longo do tempo, criando novos programas e tentando se adaptar às necessidades de uma população maior. Porém, a pressão política e os custos elevados se tornaram insustentáveis.
O MOBRAL foi extinto pelo Decreto nº 92.374 de 6 de fevereiro de 1985, no governo do José Sarney e foi criada a Fundação EDUCAR, que visava substitui o MOBRAL. Por fim, a Fundação Educar foi extinta em 1990. O fim do MOBRAL também foi motivado pela insatisfação com os resultados do programa, que não conseguiu reduzir de forma significativa os índices de analfabetismo, e pela crescente necessidade de reformular as estratégias de educação de adultos e jovens no Brasil.
Entidade detentora
História do arquivo
O acervo documental do Arquivo Histórico do Inep inicialmente é organizado por séries documentais dispostas dentro da Seção de Fundo Histórico. Tal classificação é derivada de um quadro de arranjo proposto nos anos 1980 pela arquivista Astrea Moraes e Castro como parte do processo de reorganização dos Arquivos do Ministério da Educação - MEC em Brasília. A proposta da arquivista sofreu adaptações até chegar no modelo atual o qual obedece a uma sistemática que envolve ordenação por setor de origem, tipologia documental e assunto.
O acervo possui data-limite inicial do período de 1937, quando houve a criação oficial do instituto por meio da Lei nº 378 de 13 de janeiro de 1937, até 1997, ano em que o Inep tornou-se oficialmente autarquia federal por meio da Lei nº 9.448/97. Atualmente é coordenado pela Coordenação de Disseminação de Informação - CGDI. As séries compõem-se majoritariamente por documentos textuais, iconográficos e cartográficos.
Desde sua concepção o Inep tem sido o orientador nas ações relativas à Educação Brasileira, função que intrinsecamente se reflete no arquivo, que abriga um conteúdo documental complexo e é fonte importante para pesquisadores de todo o país. Disseminar os documentos do acervo histórico descritos no AtoM faz parte de um objetivo institucional de difusão de sua produção à sociedade. Esta iniciativa afirma o seu compromisso de ser para a comunidade em geral o observatório da educação brasileira em âmbito nacional e internacional.
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Âmbito e conteúdo
Entrevista com Synval Machado Silva.
Entrevistado - Synval Machado Silva
(...) Entendeu? Me senti sensibilizado e me orgulha. Ouviu? Em nome da minha raça, ser considerado é, a cópia do Diamante Negro, o Leônidas.
(música)
Marina morena, Marina
Você se pintou
Marina, você faça tudo
Mas faça um favor
Entrevistador:
Synval, no Marina, no samba você fala assim: "aqui tá o samba que você me pediu". Essa Marina existiu?
Entrevistado - Synval Machado Silva
Essa existiu. A mocinha, filha única de um casal formidável, e ela é muito extrovertida, pediu que eu escrevesse um samba, um samba que falasse do nome dela. Eu digo, "mas eu não sei o seu nome". Ela disse, "meu nome é Marina"! Eu digo, "Dorival Caymmi já falou de Marina, e a Marina que ele se refere na música de autoria dele, é você". (Ela) diz "não, é outra. Eu quero que você faça o samba com meu nome". Eu digo, "você quer que eu fale do seu namorado, do problema, se é algum problema?". Ela diz, "não. Você faz o seguinte, você vai divorciar da Dona Quita", a minha esposa. Quando eu falo de namorada, todo mundo pensa que eu falo de, quer dizer, não posso falar da esposa. Eu sou vacinado, casado, crismado, bodas de prata e muito feliz até o dia de hoje, muito feliz mesmo. Daí eu posso considerar que para mim era uma namorada e ninguém pode me reprovar porque se alguém se atrever a tanto, eu vou apanhar nossos documentos de casamento e exibir assim com muita segurança, não é porque sou casado como qualquer grande cidadão do meu país.
Entrevistador:
Quer dizer, o divórcio era só em letra de samba, então?
Entrevistado - Synval Machado Silva
Exato, é. Não é só para pedir. Então eu fiz, como você sabe...
(música)
Tai, o samba que você pediu, Marina
Tai, eu fiz tudo e você desistiu, Marina
Tai, meu amor toda minha afeição
E você vai me matando pouco a pouco de paixão
Entrevistador:
Synval, você fundador da escola de samba Império da Tijuca.
Entrevistado - Sinval Machado Silva
Exato. Fundador e continuo até agora dando a minha contribuição muito sadia, muito bem intencionada. Embora nem sempre se tem um reconhecimento geral das pessoas, porque é como eu disse antes, nem todos podem alcançar a filantropia, os filantropos que prestam um serviço assim, de muito espontâneo, muito sem pagamento, mas que nem por isso há pessoas que não alcance pensam que eu quero a biscoitar o direito dos meus continuadores. Não. Eu quero que ele seja muito feliz e que possa ter um dia o que eu tenho hoje. Alegria de cantar, de fazer retrospecto, de pensar e de dizer tudo que já vivi até agora.
Entrevistador:
Mas houve um ano aí que a escola não saiu.
Entrevistado - Synval Machado Silva
Exato. Então eu escrevi, nesse ano, esse número:
Entrevistador:
Mas por que que.. Ah você vai contar, a música canta por ti?
Entrevistado - Synval Machado Silva
A música fala:
(música)
Choveu, mas Império do Samba do Morro descer
O Diretor de Harmonia
Apitou e toda a escola
Obedeceu
Ouvi o surdo e as pastoras cantando sem pigarro
Só voltaram de manhã
Com as sandálias de cetim
Sujas de barro
A porta bandeiras chorou
Quando regressou
Ao barracão
E viu o verde do estandarte
Colorindo todo o chão
Era forte
E ficou fraca a batucada
Mais um ano
De samba vencido
Naquela madrugada
Entrevistador:
Sival, você, porém, apesar de fundador da escola, continua concorrendo com suas composições em pé de igualdade com pessoal novo, não é?
Entrevistado - Synval Machado Silva
Mas perfeitamente. Esse ano, por exemplo, eu fiz "Brasil uma explosão de progresso", a última faixa do lado 2 do meu LPRCA série documentos, de modo que eu estou feliz, porque enquanto houver vida, a esperança e se eu posso competir é até bonito para mim, porque o bom da vida se competir e se ganhar muito bem, se perder aplausos e abraços ao vencedor. Na escola de samba, quanto mais autêntico, melhor. Abolir de qualquer maneira o balé do samba. Abolir a imitação de figuras extraordinárias de outros países, porque o samba é nosso, o samba é coisa nossa e deve ser tratado com muito carinho, mesmo porque o samba não vive agora no Barracão. O samba tem seu Palácio, o Palácio do samba de Mangueira. O escolão da Portela. O Portelão aliás. E tantos outros, de modo que o samba tem que ter, agora que tem o seu Palácio, a sua autenticidade que não pode faltar.
(música)
Brasil
ô ô ô
Gigante do Universo
ô ô ô
Uma explosão de progresso ecoou
Ó meu Brasil fazendo sucesso
Sua posição conquistou
Trazendo seu passado de glória
De lutas, amor e vitória
A união das raças, da miscigenação
A luz que fez sol desta nação
Minha terra tem palmeira
ô iô iô
Onde canta o sabiá
o iá iá
Boa terra cacaueira
ô iô iô
200 milhas pra pescar
Brasil terra de campeões
De norte a sul
Um veleiro sem fim
De Don Pedro e seus brasões
Sinto na alma a ressonância de um clarin
É permanente o seu sorriso
É tranquilo trabalhar
Sabe porem quando é preciso
Suas armas empunhar
No pregão das riquezas
No seu solo candente
No tabuleiro do mundo
Brasil pra frente
Lá na virgem de candeias
ô io io
Tem petróleo de argan
ô iá ia
Tem o canto da sereia
ô io io
Capoeira e baiana
Eu faço minha, todas as bonitas composições dos meus colegas que me permitam direito de considerar...
Avaliação, selecção e eliminação
Ingressos adicionais
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Condições de acesso
Acesso livre.
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Áudio MP3 (.mp3).
Idioma do material
- português do Brasil
Script do material
Notas ao idioma e script
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Nível de detalhe
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Julho de 2025; Arquivo Histórico; INEP.
Línguas e escritas
- português do Brasil