1º Encontro do Festival de bandas (Festibanda) - B
- Pièce
Fait partie de Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
Entrevista com Synval Machado Silva.
Entrevistado - Synval Machado Silva
(...) Entendeu? Me senti sensibilizado e me orgulha. Ouviu? Em nome da minha raça, ser considerado é, a cópia do Diamante Negro, o Leônidas.
(música)
Marina morena, Marina
Você se pintou
Marina, você faça tudo
Mas faça um favor
Entrevistador:
Synval, no Marina, no samba você fala assim: "aqui tá o samba que você me pediu". Essa Marina existiu?
Entrevistado - Synval Machado Silva
Essa existiu. A mocinha, filha única de um casal formidável, e ela é muito extrovertida, pediu que eu escrevesse um samba, um samba que falasse do nome dela. Eu digo, "mas eu não sei o seu nome". Ela disse, "meu nome é Marina"! Eu digo, "Dorival Caymmi já falou de Marina, e a Marina que ele se refere na música de autoria dele, é você". (Ela) diz "não, é outra. Eu quero que você faça o samba com meu nome". Eu digo, "você quer que eu fale do seu namorado, do problema, se é algum problema?". Ela diz, "não. Você faz o seguinte, você vai divorciar da Dona Quita", a minha esposa. Quando eu falo de namorada, todo mundo pensa que eu falo de, quer dizer, não posso falar da esposa. Eu sou vacinado, casado, crismado, bodas de prata e muito feliz até o dia de hoje, muito feliz mesmo. Daí eu posso considerar que para mim era uma namorada e ninguém pode me reprovar porque se alguém se atrever a tanto, eu vou apanhar nossos documentos de casamento e exibir assim com muita segurança, não é porque sou casado como qualquer grande cidadão do meu país.
Entrevistador:
Quer dizer, o divórcio era só em letra de samba, então?
Entrevistado - Synval Machado Silva
Exato, é. Não é só para pedir. Então eu fiz, como você sabe...
(música)
Tai, o samba que você pediu, Marina
Tai, eu fiz tudo e você desistiu, Marina
Tai, meu amor toda minha afeição
E você vai me matando pouco a pouco de paixão
Entrevistador:
Synval, você fundador da escola de samba Império da Tijuca.
Entrevistado - Sinval Machado Silva
Exato. Fundador e continuo até agora dando a minha contribuição muito sadia, muito bem intencionada. Embora nem sempre se tem um reconhecimento geral das pessoas, porque é como eu disse antes, nem todos podem alcançar a filantropia, os filantropos que prestam um serviço assim, de muito espontâneo, muito sem pagamento, mas que nem por isso há pessoas que não alcance pensam que eu quero a biscoitar o direito dos meus continuadores. Não. Eu quero que ele seja muito feliz e que possa ter um dia o que eu tenho hoje. Alegria de cantar, de fazer retrospecto, de pensar e de dizer tudo que já vivi até agora.
Entrevistador:
Mas houve um ano aí que a escola não saiu.
Entrevistado - Synval Machado Silva
Exato. Então eu escrevi, nesse ano, esse número:
Entrevistador:
Mas por que que.. Ah você vai contar, a música canta por ti?
Entrevistado - Synval Machado Silva
A música fala:
(música)
Choveu, mas Império do Samba do Morro descer
O Diretor de Harmonia
Apitou e toda a escola
Obedeceu
Ouvi o surdo e as pastoras cantando sem pigarro
Só voltaram de manhã
Com as sandálias de cetim
Sujas de barro
A porta bandeiras chorou
Quando regressou
Ao barracão
E viu o verde do estandarte
Colorindo todo o chão
Era forte
E ficou fraca a batucada
Mais um ano
De samba vencido
Naquela madrugada
Entrevistador:
Sival, você, porém, apesar de fundador da escola, continua concorrendo com suas composições em pé de igualdade com pessoal novo, não é?
Entrevistado - Synval Machado Silva
Mas perfeitamente. Esse ano, por exemplo, eu fiz "Brasil uma explosão de progresso", a última faixa do lado 2 do meu LPRCA série documentos, de modo que eu estou feliz, porque enquanto houver vida, a esperança e se eu posso competir é até bonito para mim, porque o bom da vida se competir e se ganhar muito bem, se perder aplausos e abraços ao vencedor. Na escola de samba, quanto mais autêntico, melhor. Abolir de qualquer maneira o balé do samba. Abolir a imitação de figuras extraordinárias de outros países, porque o samba é nosso, o samba é coisa nossa e deve ser tratado com muito carinho, mesmo porque o samba não vive agora no Barracão. O samba tem seu Palácio, o Palácio do samba de Mangueira. O escolão da Portela. O Portelão aliás. E tantos outros, de modo que o samba tem que ter, agora que tem o seu Palácio, a sua autenticidade que não pode faltar.
(música)
Brasil
ô ô ô
Gigante do Universo
ô ô ô
Uma explosão de progresso ecoou
Ó meu Brasil fazendo sucesso
Sua posição conquistou
Trazendo seu passado de glória
De lutas, amor e vitória
A união das raças, da miscigenação
A luz que fez sol desta nação
Minha terra tem palmeira
ô iô iô
Onde canta o sabiá
o iá iá
Boa terra cacaueira
ô iô iô
200 milhas pra pescar
Brasil terra de campeões
De norte a sul
Um veleiro sem fim
De Don Pedro e seus brasões
Sinto na alma a ressonância de um clarin
É permanente o seu sorriso
É tranquilo trabalhar
Sabe porem quando é preciso
Suas armas empunhar
No pregão das riquezas
No seu solo candente
No tabuleiro do mundo
Brasil pra frente
Lá na virgem de candeias
ô io io
Tem petróleo de argan
ô iá ia
Tem o canto da sereia
ô io io
Capoeira e baiana
Eu faço minha, todas as bonitas composições dos meus colegas que me permitam direito de considerar...
Sans titre